sábado, 17 de abril de 2010

Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.


Autor:Pablo Neruda

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Eduard Said

"A história de todas as culturas é a história do emprestimo cultural".

FICHAMENTO DO TEXTO “DIFERENÇA E IDENTIDADE: O CURRICULO MULTICULTURALISTA”

SILVA, Tomaz Tadeu da. Diferença e identidade: o currículo multiculturalista. In: ______. Documentos de identidade: uma introdução ás teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autentica, 2007. p. 85-90.


Conforme Silva o multiculturalismo é um fenômeno que teve sua origem nos países dominantes do Norte e é discutido em duas vertentes: na primeira o multiculturalismo é um movimento legitimo de reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional. Na segunda o multiculturalismo é visto como a solução para os problemas que a presença de grupos raciais e étnicos do interior daqueles países para a cultura nacional dominante.
O autor coloca que multiculturalismo não pode ser visto separado das relações de poder que obrigaram essas diferentes culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço e que mesmo tendo essa ambiguidade representa o importante instrumento de luta política.
O multiculturalismo antes de ser remetido ao campo político esteve restrito a algumas áreas especializadas da antropologia e é pela sua compreensão da diversidade cultural que se fundamenta grande parte do impulso multiculturalista.
Na visão do multiculturalismo liberal ou humanista as diferenças culturais não podem ser concebidas separadamente de relações de poder. Já a perspectiva crítica do multiculturalismo está dividida entre uma concepção pós- estruturalista e uma concepção “materialista”. Na concepção pós- estruturalista, a diferença entre as culturas ocorre essencialmente no processo linguístico e discursivo. A visão “materialista” é inspirada no marxismo e enfatiza os processos institucionais, econômicos, estruturais que estariam na base da produção.
O autor cita os Estados Unidos da América onde se iniciou as discussões sobre o multiculturalismo como uma questão curricular. Ao falar de currículo essas várias perspectivas multiculturalista concordam que o cânon do currículo universitário fazia passar por “cultura comum” uma cultura bastante particular, mas discordam em aspectos importantes. Na perspectiva liberal ou humanística o currículo multiculturalista deve ser baseado nas ideias de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas, mas a perspectiva crítica entende que estas noções deixam intactas as relações de poder e que o mais desejável seria uma analise dos processos pelos quais as diferenças são produzidas através de relações de assimetria e desigualdade.
Concordo com Silva quando este afirma que a igualdade não se obtém simplesmente através da igualdade de acesso ao currículo hegemônico e que é preciso mudanças substanciais do currículo existente e que estas mudanças perpassem por reflexões acerca de como as diferenças são produzidas através das relações sociais de assimetria.

domingo, 11 de abril de 2010

Frase de Hesiod

"Ensinar não é encher um balde vazio, mas acender um fogo".