Skip & Loafer vol. 1 e 2, Misaki Takamatsu
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Mitsumi Iwakura deixou a sua cidadezinha no interior do Japão para estudar
em uma escola de elite em Tóquio. Ao se perder no metrô da capital, ela
aca...
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Encontrei....e amei
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Para refletir...
"Todo mundo pensando em deixar um Planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso Planeta? " (autoria desconhecida)
domingo, 21 de novembro de 2010
Luiz Fernado Veríssimo
"Uma pessoa é uma coisa muito complicada. Mais complicado do que uma pessoa, só duas. Três, então, é um caos, quando não é um drama passional. Mas as pessoas só se definem no seu relacionamento com as outras. Ninguém é o que pensa que é, muito menos o que diz que é [...]. Ou seja, ninguém é nada sozinho, somos o nosso comportamento com o outro".
Letramento
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Para refletir
"O Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo no futebol e ficou triste. É 85º em educação e não há tristeza".
Cristóvam Buarque
Cristóvam Buarque
quinta-feira, 8 de julho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
Dia 05 de junho - Dia do meio ambiente
Senhor morador,
Gostaríamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos há milhões de anos atrás está vencendo. Precisamos renová-lo, porém temos que acertar alguns pontos fundamentais:
* Você precisa pagar a conta de energia. Está muito alta! Como você gasta tanto?
* Antes eu fornecia água em abundância, hoje não disponho mais desta quantidade. Precisamos renegociar o uso.
* Por que alguns na casa comem o suficiente, às vezes até desperdiçam, e outros estão morrendo de fome se o meu quintal é tão grande?
* Você cortou as árvores que dão sombra, ar e equilíbrio. O sol está quente e o calor aumentou. Você precisa replantá-las novamente.
* Todos os bichos e as plantas do meu imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e não os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam.
* Precisam verificar que cores estranhas estão no céu. Não vejo mais o azul. * Por falar em lixo, que sujeira hein? Encontrei objetos estranhos pelo caminho! Isopor, pneus, plásticos, latas...
* Não vi os peixes que moravam nos lagos, rios e mares. Vocês pescaram todos? Onde estão?
* Bem é hora de conversarmos. Preciso saber se você ainda quer morar aqui. Caso afirmativo, o que você pode fazer para cumprir o contrato?
Gostaria de ter você sempre comigo, mas tudo tem um limite. Você pode mudar?
Aguardo respostas e atitudes.
Sua casa, a TERRA!
Gostaríamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos há milhões de anos atrás está vencendo. Precisamos renová-lo, porém temos que acertar alguns pontos fundamentais:
* Você precisa pagar a conta de energia. Está muito alta! Como você gasta tanto?
* Antes eu fornecia água em abundância, hoje não disponho mais desta quantidade. Precisamos renegociar o uso.
* Por que alguns na casa comem o suficiente, às vezes até desperdiçam, e outros estão morrendo de fome se o meu quintal é tão grande?
* Você cortou as árvores que dão sombra, ar e equilíbrio. O sol está quente e o calor aumentou. Você precisa replantá-las novamente.
* Todos os bichos e as plantas do meu imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e não os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam.
* Precisam verificar que cores estranhas estão no céu. Não vejo mais o azul. * Por falar em lixo, que sujeira hein? Encontrei objetos estranhos pelo caminho! Isopor, pneus, plásticos, latas...
* Não vi os peixes que moravam nos lagos, rios e mares. Vocês pescaram todos? Onde estão?
* Bem é hora de conversarmos. Preciso saber se você ainda quer morar aqui. Caso afirmativo, o que você pode fazer para cumprir o contrato?
Gostaria de ter você sempre comigo, mas tudo tem um limite. Você pode mudar?
Aguardo respostas e atitudes.
Sua casa, a TERRA!
Estou lendo ...
É um livro que começa de forma bem impactante, pois mesmo sendo uma produção literária eu senti algo diferente por se tratar da morte de um pai e o assassino ser o próprio filho. Ao contar a sua história o assassino/filho aborda algumas questões que muitas vezes são indagações que costumamos fazer no nosso dia a dia. Do meio para o fim o livro prende o leitor ao texto. o autor até chega a dar a sensação de que o leitor não vai ter supresa com o final, mas ao ler a ultima página a frase que me veio à cabeça foi esse car é um gênio, pois eu nunca esperava encontrar o desfecho que encontrei.
domingo, 2 de maio de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
Quem morre?
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
Autor:Pablo Neruda
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
Autor:Pablo Neruda
quinta-feira, 15 de abril de 2010
FICHAMENTO DO TEXTO “DIFERENÇA E IDENTIDADE: O CURRICULO MULTICULTURALISTA”
SILVA, Tomaz Tadeu da. Diferença e identidade: o currículo multiculturalista. In: ______. Documentos de identidade: uma introdução ás teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autentica, 2007. p. 85-90.
Conforme Silva o multiculturalismo é um fenômeno que teve sua origem nos países dominantes do Norte e é discutido em duas vertentes: na primeira o multiculturalismo é um movimento legitimo de reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional. Na segunda o multiculturalismo é visto como a solução para os problemas que a presença de grupos raciais e étnicos do interior daqueles países para a cultura nacional dominante.
O autor coloca que multiculturalismo não pode ser visto separado das relações de poder que obrigaram essas diferentes culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço e que mesmo tendo essa ambiguidade representa o importante instrumento de luta política.
O multiculturalismo antes de ser remetido ao campo político esteve restrito a algumas áreas especializadas da antropologia e é pela sua compreensão da diversidade cultural que se fundamenta grande parte do impulso multiculturalista.
Na visão do multiculturalismo liberal ou humanista as diferenças culturais não podem ser concebidas separadamente de relações de poder. Já a perspectiva crítica do multiculturalismo está dividida entre uma concepção pós- estruturalista e uma concepção “materialista”. Na concepção pós- estruturalista, a diferença entre as culturas ocorre essencialmente no processo linguístico e discursivo. A visão “materialista” é inspirada no marxismo e enfatiza os processos institucionais, econômicos, estruturais que estariam na base da produção.
O autor cita os Estados Unidos da América onde se iniciou as discussões sobre o multiculturalismo como uma questão curricular. Ao falar de currículo essas várias perspectivas multiculturalista concordam que o cânon do currículo universitário fazia passar por “cultura comum” uma cultura bastante particular, mas discordam em aspectos importantes. Na perspectiva liberal ou humanística o currículo multiculturalista deve ser baseado nas ideias de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas, mas a perspectiva crítica entende que estas noções deixam intactas as relações de poder e que o mais desejável seria uma analise dos processos pelos quais as diferenças são produzidas através de relações de assimetria e desigualdade.
Concordo com Silva quando este afirma que a igualdade não se obtém simplesmente através da igualdade de acesso ao currículo hegemônico e que é preciso mudanças substanciais do currículo existente e que estas mudanças perpassem por reflexões acerca de como as diferenças são produzidas através das relações sociais de assimetria.
Conforme Silva o multiculturalismo é um fenômeno que teve sua origem nos países dominantes do Norte e é discutido em duas vertentes: na primeira o multiculturalismo é um movimento legitimo de reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional. Na segunda o multiculturalismo é visto como a solução para os problemas que a presença de grupos raciais e étnicos do interior daqueles países para a cultura nacional dominante.
O autor coloca que multiculturalismo não pode ser visto separado das relações de poder que obrigaram essas diferentes culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço e que mesmo tendo essa ambiguidade representa o importante instrumento de luta política.
O multiculturalismo antes de ser remetido ao campo político esteve restrito a algumas áreas especializadas da antropologia e é pela sua compreensão da diversidade cultural que se fundamenta grande parte do impulso multiculturalista.
Na visão do multiculturalismo liberal ou humanista as diferenças culturais não podem ser concebidas separadamente de relações de poder. Já a perspectiva crítica do multiculturalismo está dividida entre uma concepção pós- estruturalista e uma concepção “materialista”. Na concepção pós- estruturalista, a diferença entre as culturas ocorre essencialmente no processo linguístico e discursivo. A visão “materialista” é inspirada no marxismo e enfatiza os processos institucionais, econômicos, estruturais que estariam na base da produção.
O autor cita os Estados Unidos da América onde se iniciou as discussões sobre o multiculturalismo como uma questão curricular. Ao falar de currículo essas várias perspectivas multiculturalista concordam que o cânon do currículo universitário fazia passar por “cultura comum” uma cultura bastante particular, mas discordam em aspectos importantes. Na perspectiva liberal ou humanística o currículo multiculturalista deve ser baseado nas ideias de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas, mas a perspectiva crítica entende que estas noções deixam intactas as relações de poder e que o mais desejável seria uma analise dos processos pelos quais as diferenças são produzidas através de relações de assimetria e desigualdade.
Concordo com Silva quando este afirma que a igualdade não se obtém simplesmente através da igualdade de acesso ao currículo hegemônico e que é preciso mudanças substanciais do currículo existente e que estas mudanças perpassem por reflexões acerca de como as diferenças são produzidas através das relações sociais de assimetria.
domingo, 11 de abril de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Porque Eu Sei Que É Amor
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nada em troca
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nenhuma prova
Mesmo que você não esteja aqui
O amor está aqui
Agora
Mesmo que você tenha que partir
O amor não há de ir
Embora
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar
Porque eu sei que é amor
Sei que cada palavra importa
Porque eu sei que é amor
Sei que só há uma resposta
Mesmo sem porquê eu te trago aqui
O amor está aqui
Comigo
Mesmo sem porquê eu te levo assim
O amor está em mim
Mais vivo
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar
Porque eu sei que é amor
Porque eu sei é amor
Eu não peço nada em troca
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nenhuma prova
Mesmo que você não esteja aqui
O amor está aqui
Agora
Mesmo que você tenha que partir
O amor não há de ir
Embora
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar
Porque eu sei que é amor
Sei que cada palavra importa
Porque eu sei que é amor
Sei que só há uma resposta
Mesmo sem porquê eu te trago aqui
O amor está aqui
Comigo
Mesmo sem porquê eu te levo assim
O amor está em mim
Mais vivo
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar
Porque eu sei que é amor
Porque eu sei é amor
Rubens Alves - Para Refletir.
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Autor: Rubens alves
Trecho do livro "O amor que acende a lua", pág. 65
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
Autor: Rubens alves
Trecho do livro "O amor que acende a lua", pág. 65
O rio
"Diz-se que mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes das montanhas,
O longo caminho sinuoso através das florestas, através de povoados
E vê a sua frente um oceano tão vasto que, entrar nele,
Nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira
O rio não pode voltar
Nem você pode voltar
Autor: Desconhecido
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes das montanhas,
O longo caminho sinuoso através das florestas, através de povoados
E vê a sua frente um oceano tão vasto que, entrar nele,
Nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira
O rio não pode voltar
Nem você pode voltar
Autor: Desconhecido
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Nando Reis
Pra Você Guardei O Amor
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Descompasso
Me querem mãe,
e me querem fêmea.
Me querem líder,
e me fazem submissa.
Me fazem omissa,
e me cobram participação.
Me impedem de ir,
e me cobram a busca.
Me enclausuram nas prendas do lar,
e me cobram conscientização.
Me podam os movimentos,
e me querem ágil.
Me castram o desejo,
e me querem no cio.
Me inibem o canto,
e me querem música.
Me apertam o cinto,
e me cobram liberdade.
Me impõe modelos, gestos,
atitudes e comportamentos,
e me querem única.
Me castram, me podam,
falam e decidem por mim,
e me querem plena e absoluta.
Que descompasso !
Fonte: Autor desconhecido
e me querem fêmea.
Me querem líder,
e me fazem submissa.
Me fazem omissa,
e me cobram participação.
Me impedem de ir,
e me cobram a busca.
Me enclausuram nas prendas do lar,
e me cobram conscientização.
Me podam os movimentos,
e me querem ágil.
Me castram o desejo,
e me querem no cio.
Me inibem o canto,
e me querem música.
Me apertam o cinto,
e me cobram liberdade.
Me impõe modelos, gestos,
atitudes e comportamentos,
e me querem única.
Me castram, me podam,
falam e decidem por mim,
e me querem plena e absoluta.
Que descompasso !
Fonte: Autor desconhecido
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