segunda-feira, 27 de agosto de 2007
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
o mar
Você sabe por que o mar é tão grande?Tão imenso? Tão poderoso?É por que teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios.Sabendo receber, tornou-se grande.Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios, não seria mar, mas uma ilha.Toda a sua água iria para os outros e estaria isolado.A perda faz parte, a queda faz parte, a morte faz parte.É impossível vivermos satisfatoriamente sem aceitar a perda, a queda,o erro e a morte.Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.Impossível ganhar sem saber perder.Impossível andar sem saber cair.Impossível acertar sem saber errar.Impossível viver sem saber morrer.Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará.Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, é errar, é perder, e isto você já sabe.Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade o ganho e a perda,o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte.A dualidade está sempre presente:Como na dor e no prazer, ou no amor e no ódio, ambas faces das mesmas vibrações energéticas.
Que você tenha... de tudo... um pouco.
Sensibilidade
Para não ficar indiferente diante das belezas da vida.
Coragem
Para colocar a timidez de lado e poder realizar o que tem vontade.
Solidariedade
Para não ficar neutro diante do sofrimento da humanidade.
Bondade
Para não desviar os olhos de quem te pede uma ajuda.
Tranqüilidade
Para quando chegar ao fim do dia, poder deitar e dormir o sono dos
anjos.
Alegria
Para você distribuí-la, colocando um sorriso no rosto de alguém.
Humildade
Para você reconhecer aquilo que você não é.
Amor próprio
Para você perceber suas qualidades e gostar do que vê por dentro.
Fé
Para te guiar, te sustentar e te manter em pé.
Sinceridade
Para você ser verdadeiro, gostar de você mesmo e viver melhor.
Felicidade
Para você descobri-la dentro de você e doá-la a quem precisar.
Amizade
Para você descobrir que, quem tem um amigo, tem um tesouro.
Esperança
Para fazer você acreditar na vida e se sentir uma eterna criança.
Sabedoria
Para entender que só o Bem existe, o resto é ilusão.
Desejos
Para alimentar o seu corpo, dando prazer ao seu espírito.
Sonhos
Para poder, todos os dias, alimentar a sua alma.
Amor
Para você ter alguém para amar e sentir-se amado.
Para você desejar tocar uma estrela, sorrir pra lua.
Sentir que a vida é bela, andando pela rua.
Para você descobrir que existe um sol dentro de você.
Para você se sentir feliz a cada amanhecer
e saber que o Amor é a razão maior... para viver.
Mas se você não tiver um amor,
que nunca deixe morrer em você,
a procura... o desejo de o encontrar.
Tenha de tudo, um pouco... e Seja feliz!
domingo, 5 de agosto de 2007
Elis Regina
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais!
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos meus livros e nada mais!
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais!
sábado, 4 de agosto de 2007
Apelo
Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, senhora, o leite primeira vez coalhou. A noticia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a ultima luz da varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada – meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas?Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
(TREVISAN, Dalton. Apelo. Alfredo, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo, Cultrix/Edusp. 1975.p.190).